
Metáfora: como usar na comunicação e criatividade diária
- Rafael Menezes Moraes
- há 6 dias
- 7 min de leitura
Não há um só dia em que eu não me depare com expressões que, de tão corriqueiras, passam quase despercebidas, mas que, na verdade, estão recheadas de sentido figurado. Desde a infância, aprendi a conversar sobre sentimentos, ideias e experiências usando comparações implícitas. Essa habilidade faz parte não só da minha vida pessoal, mas também da profissional, já que há mais de vinte anos trabalho estudando, criando e aplicando recursos linguísticos. No cotidiano, quando digo que alguém está “com a pulga atrás da orelha”, não visualizo literalmente o inseto, mas uso uma imagem para falar de desconfiança. Esse é o poder da metáfora.
O que é metáfora e como reconhecer?
Em minhas pesquisas e vivência, percebi que muitas pessoas usam metáforas mesmo sem perceber. Metáfora é uma figura de linguagem baseada em uma comparação implícita entre dois elementos diferentes, transferindo o significado de um para o outro a fim de criar um sentido novo, mais rico ou mais impactante. Não há presença das palavras “como” ou “tal qual”, porque não se trata de uma comparação direta, mas de uma assimilação.
Para reconhecer esse recurso, basta observar frases em que algo é dito ou representado como se fosse outra coisa, sem explicitar a relação. Por exemplo:
O tempo é um rio que escorre sem parar.
Nesta frase, “tempo” não é, de fato, um rio, mas essa associação cria uma visualização, ajudando o interlocutor, ou leitor, a sentir a ideia de fluidez e passagem do tempo através da imagem da água corrente.
Metáfora no cotidiano: comunicação além do literal
A presença desse recurso na linguagem oral é imensa. Percebo que, no ambiente de trabalho, expressões como “ele é um leão nas negociações” ou “essa reunião virou um campo de batalha” servem para comunicar força, coragem ou conflito sem o uso de termos técnicos ou objetivos demais.
Em casa, quando digo a uma criança que ela tem “um coração gigante”, reforço valores como sensibilidade e generosidade de forma mais acessível. Meu objetivo, aqui, é essencialmente afetivo, ajudando o outro a se enxergar de um jeito novo.
Já em ambientes de maior formalidade, percebo que a linguagem metafórica pode aproximar as pessoas e tornar mensagens mais empáticas. Quando uma equipe se sente “navegando em águas turbulentas”, todos compreendem o momento de incerteza sem que detalhes dolorosos precisem ser trazidos à tona.
Metáfora e literatura: imagens que ficam
A literatura é, sem dúvida, o campo onde a metáfora floresce com maior liberdade. Autores de grandes obras constroem universos inteiros usando comparações sugeridas, nunca explícitas. Lembro-me, por exemplo, do clássico “meu coração é um deserto”, onde o sentimento de solidão é retratado pela imagem árida e extensa.
Grandes poetas e escritores exploram o potencial desse recurso, conferindo profundidade e múltiplos sentidos a situações aparentemente simples. É o caso de Fernando Pessoa ao escrever: “O poeta é um fingidor.” Ele não está falando, literalmente, de fingimento, mas de como constrói outras realidades usando palavras.
Há obras que transformam experiências comuns em paisagens vivas. Isso se conecta inclusive com a ideia de storytelling, estudado em detalhes na jornada do herói, conforme mostrado em um excelente artigo sobre narrativa de marca (guia de narrativa de marca).
Diferença entre metáfora e comparação
No contato diário com textos e conversas, noto que muitos confundem a figura de linguagem baseada em assimilação e aquela baseada em comparação direta. O que distingue a metáfora da comparação explícita é a ausência de conectores, como “como”, “tal qual” ou “assim como”, que denunciam a relação. Veja:
Metáfora: “A vida é uma estrada.”
Comparação: “A vida é como uma estrada.”
No primeiro caso, estabeleço a equivalência direta, criando um impacto mais forte e imediata visualização.
Por que metáforas deixam a comunicação mais criativa?
Ao longo da minha carreira, percebo que mensagens figuradas ajudam a transformar ideias abstratas em imagens mentais. Segundo estudo acadêmico (estudo acadêmico sobre metáfora como ferramenta de comunicação), o uso desse recurso facilita a compreensão de conceitos difíceis e enriquece o repertório expressivo. Isso ocorre porque aproximam temas desconhecidos da realidade do público, usando elementos que ele já conhece e compreende.
Na publicidade, por exemplo, anuncio de um produto natural como o Libidgel pode dizer que a fórmula é a “natureza engarrafada”, sugerindo naturalidade sem precisar listar cada ingrediente. O resultado é mais conexão emocional com o consumidor, mais lembrança da marca e maior clareza de mensagem.
Em publicidades, frases como “Sua saúde em boas mãos” ou “A liberdade que cabe no bolso” aproximam valores abstratos dos desejos do público, usando imagens únicas, como enfatiza uma análise sobre a linguagem figurada e a construção de identidade nas marcas comerciais (análise de metáforas em marcas).
Metáforas visuais: além das palavras
Não é só no texto que a linguagem figurada habita. Quadrinhos, ilustrações e até campanhas de saúde utilizam imagens para comunicar, ensinar ou emocionar. Uma pesquisa sobre o uso de metáforas visuais em quadrinhos mostra que pessoas aprendem mais rápido ao visualizar conceitos abstratos, como prevenção ou cuidado, representados por símbolos, analogias e imagens divertidas. Quando um educador desenha uma muralha bloqueando vírus para ensinar sobre imunidade, gera aprendizado por associação e emoção.
No contexto empresarial, uso frequentemente apresentações que ilustram crescimento através de árvores, pontes ou escadas. O público entende, quase sem explicação, que uma escada representa progresso, ou que um muro pode sinalizar obstáculos. Essas imagens são poderosas porque resumem pensamentos complexos em cenas fáceis de memorizar.
Metáfora na política e sociedade
Não posso deixar de mencionar o impacto da linguagem figurada nos discursos políticos. Em análises acadêmicas (análise acadêmica sobre metáforas conceptuais), nota-se que líderes usam expressões como “marcha rumo ao progresso” ou “batalha pela justiça”, criando identificação com a audiência e deixando conceitos complexos mais acessíveis. Essas escolhas não são aleatórias: elas reforçam ideais, aproximam o discurso da experiência social e até moldam percepções sobre poder e democracia.
Dicas para criar metáforas originais e eficazes
Com base nos meus anos de prática e estudo, reuni algumas estratégias que me ajudam a criar frases memoráveis, tanto para textos quanto para treinamentos e campanhas:
Observar o dia a dia e identificar elementos visuais que dialogam com a mensagem a ser transmitida.
Buscar associações inesperadas e, ao mesmo tempo, fáceis de visualizar.
Evitar imagens batidas. Ao invés de sempre dizer “caminho das pedras”, encontrar novas formas, como “trilha entre espinhos”, desde que façam sentido no contexto.
Sensibilidade para contexto e público. O que faz sentido para um jovem pode soar estranho para um público mais velho.
Testar as frases, lendo em voz alta e imaginando como seriam recebidas por diferentes pessoas.
Para quem se interessa em desenvolver a criatividade literária, recomendo também este guia prático de escrita criativa, onde são apresentadas diversas técnicas de construção de histórias – muitas delas baseadas no uso inteligente da metáfora.
A metáfora na publicidade e na linguagem das marcas
A comunicação publicitária explora esse recurso de modo cirúrgico. Eu gosto de observar anúncios onde o produto vira símbolo: bancos que se descrevem como “porto seguro”, empresas tecnológicas que prometem “abrir portas”, suplementos como Libidgel que são “toques da natureza”. Essas imagens reforçam valores tangíveis e intangíveis, estimulando associação imediata no cérebro do consumidor.
Segundo estudos universitários (estudo sobre metáforas usadas por marcas), a escolha cuidadosa de tais imagens referencia valores sociais e tendências contemporâneas, seja sustentabilidade, força ou cuidado com a saúde. Essa estratégia tem papel fundamental na construção da identidade da marca e diferenciação no mercado.
Metáforas, emoções e compreensão de mundo
Na minha análise, o uso de linguagem figurada não serve só para clarear ideias, mas também para transmitir emoções. Posso dizer que uma notícia me “pegou de surpresa”, sinalizando a intensidade inesperada do ocorrido. Na relação interpessoal, frases como “carregar o mundo nas costas” comunicam empatia e compreensão mesmo sem explicar detalhes.
Essas frases ajudam a criar laços invisíveis, porque cada um de nós entende o sentido além do literal então se sente parte da experiência do outro. Por isso, aprender a criar, identificar e usar metáforas é investimento na qualidade das relações profissionais e pessoais.
Conclusão: comunicando melhor com metáforas
Com a experiência acumulada, cheguei à convicção de que as metáforas, quando usadas com sensatez, ampliam a capacidade de comunicação, incentivam a criatividade e tornam as mensagens muito mais marcantes. Seja ao trabalhar com marcas como Libidgel, ao ministrar treinamentos ou simplesmente dialogar em família. Recomendo incorporar o uso consciente desse recurso para facilitar o entendimento, fortalecer vínculos e enriquecer a expressão.
Se você busca uma linguagem mais viva, seja para seu cotidiano, seus projetos ou até campanhas publicitárias, conhecer e experimentar novas metáforas pode ser o primeiro passo. Aproveite para saber mais sobre estratégias comunicativas e descubra como nossos conteúdos e soluções podem contribuir para um diálogo mais eficiente e criativo.
Perguntas frequentes sobre metáforas
O que significa metáfora na comunicação?
Na comunicação, metáfora é um recurso que transfere o sentido de uma coisa para outra, criamdo uma comparação implícita para facilitar o entendimento e dar mais expressividade. Ela aproxima realidades distintas, permitindo transmitir ideias e emoções com clareza e impacto.
Como usar metáforas no dia a dia?
No cotidiano, costumo usar metáforas para tornar conversas mais leves e explicativas, como ao dizer que “estou enxugando gelo” ao falar de tarefas improdutivas. Basta pensar em situações vividas e buscar imagens simples para descrever ideias ou sentimentos.
Quais são exemplos práticos de metáforas?
Alguns exemplos comuns são: “meu chefe é uma rocha”, para comunicar confiança; “esse problema é um abismo”, para mostrar dificuldade; e “ela tem o brilho de uma estrela”, quando quero valorizar talentos. Essas imagens facilitam o entendimento sem recorrer a explicações longas.
Metáforas ajudam na criatividade?
Sim, o uso de metáforas estimula a criatividade, pois obriga o cérebro a criar associações inovadoras entre ideias diferentes. Isso amplia o repertório de expressão e torna a comunicação mais envolvente.
Quando evitar o uso de metáforas?
Evito metáforas em contextos que exigem objetividade absoluta ou para públicos que possam não compreender a referência. Também é bom evitar imagens muito batidas, que perdem o impacto, ou aquelas que possam gerar duplo sentido em situações delicadas.



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